As histórias dos jovens que ajudaram a construir o Semear

As histórias dos jovens que ajudaram a construir o Semear

No mês de maio de 2023 a rede do Instituto Semear comemora 13 anos de história. Anos em que lutamos para desenvolver e conectar jovens por meio da educação, visando a não evasão universitária de talentos de baixa renda e gerando oportunidades de qualidade para estudantes. Com isso, o Instituto comemora 13 anos de transformação nas histórias desses jovens , de mentores e doadores que acreditam no mesmo propósito.

Uma indignação coletiva

Fundado em 2010, o Instituto Semear é fruto da iniciativa de um grupo de colegas de São José dos Campos que decidiu mudar a realidade de jovens de baixa renda.  A semente da ideia de criar o Instituto surgiu ao notarem que muitos de seus alunos que ingressaram na graduação, eram levados à evasão universitária por diversas dificuldades.

Esse cenário encontrado em São José dos Campos há 13 anos não estava restrito ao interior do estado de São Paulo. Segundo dados levantados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira(INEP), a taxa de evasão universitária se manteve em torno de 21% nos últimos dez anos, o que corresponde a mais de um milhão de estudantes de acordo com os últimos censos realizados pelo Instituto.

Entre diversos fatores que levam à evasão universitária, um dos principais é o financeiro. Embora existam programas de bolsa auxílio na maior parte das instituições de ensino superior, essas são limitadas, não abarcando toda a comunidade estudantil de baixa renda.

A solução e o crescimento de um sonho coletivo

Foi pensando em formas de reduzir essa desigualdade e possibilitar que universitários de baixa renda conseguissem ultrapassar as barreiras sociais que um grupo de pessoas se une para formar o Semear. Desde então, o Instituto passou pelo processo de regularização enquanto organização e profissionalização de seus processos, englobando histórias incríveis, como conta Manoel, um dos fundadores da Instituição, no evento Germinare de 2023.

A fase da profissionalização do Instituto foi muito importante e se deve a um sujeito que contribuiu muito: o Germano. ele foi fundamental para o crescimento do Semear, ele foi o mentor dessa diretoria. Eu gosto de citar o Germano, porque ele tinha uma carreira brilhante e decidiu se afastar por três anos para se dedicar ao Semear e ajudar ele a se tornar o que é hoje.

Manoel Oliveira

Manoel conta ainda que encontrar o Instituto como é hoje, impactando a vida de jovens de baixa renda por meio da educação e tendo um papel notável na redução da evasão universitária, é motivo de orgulho.

O Semear sendo administrado 100% pelos ex-bolsistas é maravilhoso, são vocês agora que dirigem a instituição de forma totalmente autônoma. Nós vivemos numa sociedade em que muitas vezes tentam separar as pessoas, quando na verdade nós temos que integrar e lutar juntos. E a nossa visão de ajudar a mudar o mundo com base na educação é a pedra base do Semear. Nós ficamos muito felizes em poder ajudar 200 novos jovens no Semear e ainda mais em manter a taxa de evasão em 100%.

Manoel Oliveira

Educação como instrumento

Mais que apenas ajudar os jovens a completar sua graduação e evitar a evasão universitária. O Semear acredita na educação como meio de formação de líderes capazes de mudar a realidade em que vivem e contribuir para que outros jovens possam realizar essa mudança também, sendo assim líderes multiplicadores, como Caroline Mendes, jovem-semente 2018, que viu na formação acadêmica um meio para mudar a vida de sua família. 

 

Também jovens como o Thyerri Camargo, que realizou sua primeira graduação em pedagogia no formato remoto enquanto conciliava vários empregos e os cuidados com sua filha que havia acabado de nascer. Thyerri encontrou o Semear quando decidiu realizar sua segunda graduação de licenciatura em música pela Unicamp em 2021, ano que se tornou jovem-semente e posteriormente passou a fazer parte do time administrativo do Instituto.

Como o Semear ajudou Thyerri a não sofrer com a evasão universitária

Prestei o vestibular, passei de primeira, mas aí veio a preocupação, como eu ia conseguir me sustentar, sustentar a minha filha e fazer um curso integral ao mesmo tempo. Nesse momento chegou o Semear, quando eu estava procurando por bolsas de permanência, e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida sem dúvidas, graças ao semear eu consegui focar no meu primeiro ano de graduação, consegui uma bolsa de iniciação científica, estou a caminho de realizar minha segunda pesquisa e realizei um intercâmbio na alemanha que só foi possível graças ao Semear.

Thyerri Camargo

Efeito multiplicador

Assim como Manoel, citado anteriormente, relata, com o desenvolvimento do Semear ao longo dos anos outro fator foi trazido à tona, a necessidade de não apenas possibilitar que os jovens se graduem no ensino superior, mas também a importância de fazer com que esses jovens entendam a relevância de retribuir para a sociedade o impacto gerado em suas vidas.

 

Hoje o time administrativo do Instituto Semear, formado por 78 jovens, é composto em sua maioria por jovens universitários, sendo muitos deles ex-bolsistas da organização. Contudo, muitos jovens-semente que passam pelo Semear trilham outros caminhos na sociedade e almejam um dia retornar como mentores e doadores da rede, como é o caso da Isla, jovem-semente de 2018 que relata a importância do Instituto em sua vida e sua vontade de retornar o impacto gerado.

Eu levo o Semear para todo lugar que eu vou, porque foi quem me manteve aqui de todas as formas possíveis. No Semear, a gente tinha aquilo do sonho grande, de se perguntar onde vamos estar daqui a dez anos, e eu sempre pensei que queria ter isso de transformação de vetor social, para pessoas como eu. Eu quero assim que estiver estruturada, voltar como mentora, assim como meu mentor foi crucial pra mim, eu quero ser essa pessoa pra alguém.

Isla Santos
Jovem-semente conquistando seu caminho e levando o Semear junto

O impacto na vida de uma jovem

Isla Santos, nascida no interior de Sergipe, filha de lavradores, desde nova sabia que não queria reproduzir os padrões da realidade em que vivia. Sempre foi estudante de escola pública, mas quando se mudou com sua mãe, então divorciada, para a capital do estado, Aracaju, entendeu que poderia alterar a sua realidade e a de sua família por meio da educação.

 

Devido ao contexto em que vivia e o exemplo de seu pai que sempre fora envolvido em projetos sociais, Isla decidiu que queria cursar direito na federal do estado. Durante seu período de vestibular ela recebeu apoio de um cursinho que a incentivou a se inscrever para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo onde foi aceita, o mesmo cursinho a instruiu a entrar em contato com o Instituto Semear para conseguir apoio financeiro durante o primeiro ano de graduação.

 

A jovem-semente se mudou para São Paulo sem uma rede de apoio, contatos e auxílio financeiro, enfrentou questões de preconceito e desigualdade social que foram ainda maiores em sua turma de faculdade, a primeira turma de cotistas da USP. Isla conta que o Semear foi crucial nesse momento inicial da sua jornada.

O primeiro ano foi muito difícil, eu precisei muito do Semear. O meu mentor e a rede pra mim foram tudo, porque eu tinha uma família no fim do dia. Sempre tinha alguém a quem recorrer, nos encontros a gente podia se identificar, falar sobre as dores, as saudades, as coisas que a gente estava sentindo. E meu mentor me ajudou demais no primeiro e no segundo ano, foi ele que conseguiu me ajudar a arrumar o primeiro trabalho em um escritório, mas ele me ajudou muito com a questão da autoestima também.

Isla Santos

O retorno para a sociedade

Atualmente ela é advogada no escritório Mattos Filho e está se descobrindo como profissional no mercado de trabalho, contudo ela já trilhou um longo caminho em sua carreira onde atuou como fellow do projeto Vital Voices  em 2019 com a ONG que fundou após seu período como jovem-semente.

 

A ONG O Berço veio da vontade de Isla de mudar a realidade de mulheres e meninas que viviam um contexto muito próximo daquele em que ela cresceu. A organização compreende as dificuldades da gravidez na adolescência e tem o intuito de ajudar e conectar essas mães de baixa renda que sofrem com as barreiras sociais ao engravidarem ainda jovens.

13 anos de história impactadas no cenário da evasão universitária

Ouvir a história de jovens que passaram pelo Semear e hoje, não só estão caminhando rumo a realização de seus sonhos, mas também se tornaram multiplicadores das mudanças e melhorias que viveram é indispensável. Por isso, com o aniversário de 13 anos do Instituto, olhamos com orgulho para o que a organização se tornou, como Manoel citou anteriormente e relembramos as histórias de jovens como a Isla, como forma de enxergar todas as vidas que já impactamos e imaginar quantas mais ainda podemos impactar.

A formação de líderes multiplicadores e redução da evasão universitária
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