Como a representatividade impacta o crescimento de jovens universitários

O incentivo à diversidade e reconhecimento na formação de jovens

O período de formação de um jovem é marcado por figuras de representatividade nas quais eles se reconhecem e se espelham. Para nossos jovens de baixa renda, essas figuras vão desde os pais e pessoas próximas, até seus líderes e mentores, ativistas, políticos ou pessoas de destaque.

Conforme conta a psicóloga e integrante do Canto Baobá, Joyce Paes, em entrevista para o UOL, sobre a importância de se conectar com pessoas pretas no contexto da psicologia: “Ser afetado e se afetar também. É incrível poder me conectar com pessoas pretas e, às vezes, acessar não o mesmo local de dor, mas acessar pontos semelhantes e nos reconhecer na busca de nossa cultura, identidade e história”.

Assim, mesmo fora do contexto da psicologia podemos entender que ao proporcionar modelos representativos que refletem a diversidade de origens e experiências, estamos cultivando um ambiente acolhedor e inclusivo para nossos jovens de baixa renda. Quando nossos jovens se veem representados em líderes, mentores e figuras de destaque que também enfrentaram desafios semelhantes, eles são encorajados a acreditar em seu próprio potencial e a almejar grandes realizações.

Em quem os jovens se enxergam?

Nasci nessa favela, venho desde muito nova de lutas por território…mas a gente se achou mesmo nesse terreninho nessa favela da Souza em um lugar onde mulheres, principalmente mulheres como eu, negras, não tinham muita perspectiva de vida, então a maior perspectiva que você podia chegar era casar com alguém, ter um filho, então ter uma família e uma casa. Esse era o máximo e em sua maioria entravam em relacionamentos muito abusivos, todas as minhas amigas engravidaram muito cedo, todas tiveram filhos com 15, 16 anos, 18 ou 19 anos e eu sabia que meu destino era aquele caso algo não acontecesse comigo, então eu venho de um lugar onde você já sabe exatamente pra onde você vai, você vai nascer e morrer ali, você não tem muita perspectiva, não tem muito exemplo, não tem muita referência

Sara Almeida

Essa é a realidade na qual Sara Almeida, estudante de 23 anos e jovem do time administrativo do Semear, nasceu e foi criada, na favela de Sousas, Zona Leste de São Paulo. Apesar de essa não ser a única vivência experimentada por pessoas de baixa renda em comunidades, foi o contexto em que Sara se encontrava e que conseguiu mudar através dos estudos

Para Sara, esse processo de se reconhecer no outro começou com sua mãe, ela conta que apesar da falta de referências, encontrou nos seus pais o incentivo para continuar sua formação. Sua família foi mais do que seu apoio, foram seus moldes e figuras de representatividade do que queria se tornar algum dia.

Sara Almeida, jovem do time administrativo e estudante de humanidades

Quem falava muito sobre estudar, ‘Estudar é um caminho, estude, vai fazer uma faculdade’, era minha mãe. Se tem alguém que me ajudou a virar a chave, me incentivou a fazer o Enem, ficou comigo no Sisu até quatro horas da manhã vendo nota de corte, foi a minha mãe.

Sara Almeida

Aos 21 anos ela conseguiu passar no vestibular para cursar humanidades na Universidade Federal do Sul da Bahia, foi aí também que seu caminho se cruzou com o do Semear. Por meio do programa Indique Uma Preta ela conheceu uma pessoa que a indicou para o processo seletivo do time administrativo do Semear. Hoje está descobrindo sua vocação para trabalhar no terceiro setor gerando a mudança que ela quer ver no mundo.

O que os jovens entendem como representatividade?

Representatividade é um conceito que recebe diferentes definições, como é abordado pela plataforma pela plataforma Politize!. Contudo, quando falamos de identificação estamos discutindo sobre a importância de pessoas parecidas conosco e que ascenderam como nós queremos ascender. É ver pessoas que vieram de uma realidade de baixa renda e discriminação pela raça, sexualidade, orientação e muito mais, ocupando os lugares que a sociedade os nega o acesso.

De acordo com Marcos Neves, mentor do Semear envolvido no tema de diversidade, nos últimos anos foi possível observar um crescimento na busca de jovens por oportunidades onde diversidade e representatividade fossem questões levadas em consideração, do mesmo modo empresas passaram a implementar programas de DE&I para abrir esses caminhos ampliando a presença e representatividade de grupos minoritários (gênero, raça, PCD, LGBTQIA+) nas empresas e em cargos de liderança.

Cada vez temos mais jovens que estão se formando para entrar no mercado de trabalho e que estão questionando a realidade social. Isso quer dizer que daqui uns anos dentro das empresas vai ser cada vez mais forte esse tipo de percepção, a pessoa vai olhar para a empresa que trata os temas de diversidade e pensar ‘eu vou ser acolhido ali’

Marcos Neves

Como nossos mentores enxergam a diversidade no Semear

Engenheiro por formação e gestor de uma equipe na empresa de tecnologia Siemens, Marcos começou a se incomodar com o fato de poucas pessoas pretas ocuparem cargos de gestão no Brasil, foi aí que ele iniciou um trabalho de incluir mais diversidade no seu time, contratando jovens pretos em formação acadêmica (estagiários) gerando mais oportunidades. Contudo, seu trabalho não se limitou a isso, hoje ele faz parte de um comitê para estruturar um grupo de diversidade de Raça na empresa em que trabalha e está concluindo seu MBA na área de Liderança focando o seu estudo na área de Diversidade e Inclusão.

Marcos conta que durante sua formação acadêmica ele teve acesso a diversas oportunidades que acredita serem o mínimo que todos os jovens deveriam ter. Ele encontrou, como mentor do Semear e parte de organizações pela diversidade, uma forma de contribuir para que a realidade que viveu seja cada vez mais comum.

Eu acho que é o caminho natural que deveria ser para todos os jovens, foi um dos motivos que me motivou a entrar para esses grupos dentro da empresa e ver o que que eu posso fazer para ajudar e é um dos motivos pelo qual também estou dentro do Semear, o que que eu posso fazer para ajudar que outros jovens tenham condições melhores.

Marcos Neves

Como um mentor da rede do Semear que se identifica como um homem preto, Marcos conta que trabalha muito o tema com sua mentorada, que também se identifica como uma pessoa preta. Ele aponta que considera essencial debater o tema da diversidade e representatividade com os jovens-semente para que estes saibam como as empresas e o mercado corporativo estão se posicionando com relação à Diversidade, Equidade e Inclusão.

Como a representatividade impacta o crescimento de jovens universitários

Diversidade como ativo

Um dos nossos valores no Semear é a Diversidade como ativo, nós entendemos a diversidade de perspectivas e as críticas bem fundamentadas como ativos valiosos para quem tem a sensatez de acreditar que não sabemos de tudo e está disposto a incentivar a mudança conosco.

Por isso convidamos você que se interessa pelo tema de diversidade, representatividade e educação, a fazer parte da mudança que queremos gerar no mundo. Venha fazer parte da nossa rede de mentores e seja uma figura de representatividade para um jovem talento de baixa renda!

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